terça-feira, 7 de abril de 2009

Agonia

É um pedaço de alma a palpitar na garganta
migalhando virar grito,
sapateiam no estômago,
vão subindo efervescentes
palavras incógnitas
assim, arranhando o céu da boca,
cócegas aflitas
num frêmito sem fim,
sem merecer ganhar o ar
assim, como poesia no escuro do quarto
martelando o pensamento,
sem merecer nem o papel
assim, passarinho na gaiola,
goela rouca de cantar
sem merecer nem céu de chuva,
a imensidão fora das grades,
cavalos soltos no porão
sem saber o que é arreio
amiúde nesse meu peito
de eterna iminência
de não-sei-o-quê.

4 comentários:

  1. A agonia atropela até vírgulas e maiúsculas!Rss

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  2. Gostei muito da forma como você expressou essa sua AGONIA.
    À medida que fui lendo, pude sentir esta agonia tresloucadamente palpitante, e, além da sua típica profundidade poética, ficou visível para mim, ainda que indiretamente, uma implícita alusão ao poema "A idéia" do grande Augusto dos Anjos... Salve Salve !!

    Perfeito poema Maninha, beijão !!

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  3. Rss.. caramba, Déo.. tem a ver mesmo..Eu amo homenagens, mas esta foi absolutamente inconsciente!rss
    =***

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  4. Falei-lhe sobre meu último parto e vejo agora a semelhança entre nossas crias!
    Sua "Agonia" está intrínsecamente plotada em minhas "Ausências"...
    Nos pedaços de alma, nos porões, enfim...

    Beijooo!!

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