(para José)
Era tempo de seguir
À frente, a imensidão de uma árvore se impunha
Seca, frondosa, desfolhada
– éramos pequeninos –
Um pássaro negro habitava-lhe o topo
Apenas um, solitário, como nós
Embora fôssemos dois
No céu, um poente nublado
Eivando de sombras a paisagem
Banhava-nos de certa luz oblíqua
Atravessando nossos olhos de incerteza
Em redor, via-se o ermo, apenas
O descampado sem fim
– éramos finitos –
Vastidão,voragem sombria de onde a noite vertia
Aos poucos derramada sobre nós
Aos nossos olhos sóbrios, atravessados
Seguíamos desafiando a escuridão
– éramos cegos –
Embora soubéssemos os passos
E no breu de um instante supremo
– sem passado, nem futuro –
Sumíamos de nós no escuro
Devorados pela noite
Onde tudo permanece e tudo some
Eu, no escuro de você
Você, no escuro de mim
Sumíamos de nós
No escuro
Era tempo de seguir.
lindo demais, li bem vezes, salvei no coração. mesmo cego sigo, mesmo surdo soo, mesmo sem sou...
ResponderExcluirCaralho, Mari, foda! Desculpe os palavrões, mas foram as primeiras coisas que me vieram à mente, e preferi dizer - mesmo me achando indelicado. Consertando um pouquinho, como já ouvi alguém dizer, lindo, com toda a intensidade que um palavrão pode ter.
ResponderExcluirLindo mesmo, moça.
(Engraçado, voragem parece um neologismo... teve essa intenção?)
Alvinho, que bom que gostou!
ExcluirNão tive essa intenção. Na verdade, topei com essa palavra em alguma leitura e ela me causou um certo impacto, de encanto e desconforto ao mesmo tempo... já dizia algo de mim e ficou guardada por um tempo até sair assim em poema.
P.s.: Nada contra os palavrões!;)
De uma delicadeza-profunda-sutil-voraz, que paira sublime sobre os corpos e mentes daqueles que não conseguem traduzir em palavras as sensações que os corpos-noite-suores nos dizem.
ResponderExcluirbelo!