amargo novembro de desvarios
desabo de sono
tenho andado pelas horas
com as mãos cheias de vício
em círculos
na procura fatigada do verso perdido
na desordem calada da minha cabeça
novembro de dias sem fim
comboio de tempos sobre tempos
sobre versos que não saem, sobre mim
tenho a boca suja de rancores
desferindo palavras
para dentro
no caminho estreito da garganta
tudo vacila, novembro, amargamente
é de traição a natureza das coisas
trai a sensatez
à míngua na minha cabeça
essas mãos viciadas, a boca muda
trai o atropelo demorado das horas
o aperto na garganta
covardemente, trai o sono
que me deita
a consciência.
Novembro só acaba quando terminar. E nunca é tarde para versar, mesmo porque dezembro sucede.
ResponderExcluirVc sabe que sou seu fã, né?
Gavriell!:)
ExcluirEsses rancores que a boca deixa sair relutante ecoam poesias, dessas, fáceis de se achar.
ResponderExcluirSuas poesias são sempre de muito.
ResponderExcluirBeijo, Passarinho.
Garganta, caminho por onde saem sons atados por fios, fios amarrados aos pontos mais escuros, lá de dentro. Fio que prende, abafa, repuxa, revolta e faz engolir de novo o som. É possível cortar os fios? Engolir duma água tão febril que dissolva velhos sons. Cantar, cantar do que sobra e voa - como um pássaro, degustar (dezembro) das palavras de lá, das outras, daquelas várias... livres frutas frescas na árvore.
ResponderExcluirPode substituir "novembro" por "todo mês"? rsrs
ResponderExcluirTurbulências intermitentes!
Beijo,
Passarinho, já atrasado, mas nunca é tarde para desejar um bem.
ResponderExcluirQue seu ano seja cheio de poesias, melodias, cócegas, belezas para todos os sentidos, surpresas boas e motivos para gargalhar.
Vi que você saiu do facebook, aí vim mandar por aqui.
Uns beijos, uns bons abraços e muito Bem.
Esse seu bem veio em muito boa hora, Teus. Iluminou!
ExcluirMuitos meses de paz pra você, que a vida possa ser celebrada!
Feliz pela lembrança:)
Beijins