quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Hoje Eterno

(para Vitor, meu amor amigo)

Vem comigo hoje
Que esse cansaço torto
Se debruça como um cão à minha porta
Mas vem assim, para mim
De olhos abertos
Nesta manhã vagarosa
Agudamente terna
E desata tua dor
Às claras
Sobre meu colo de chumbo
Andaremos sim
Por aí, sem direção
A recordar
Sem esforços
As noites pardas pelas ruas
A fumaça a enovelar nossas cabeças
Como num sonho
De momento
Em que nos percamos
Eternamente.

2 comentários:

  1. :)
    Eram dois que se faziam perder, porque só se encontra o que não se tem as mãos, ao alcance dos olhos, coisa difícil de perceber ou que nem existe sem o ofício de nossa imaginação. É coisa boa perder-se. Há um tanto de leveza na perdição mútua tal como em sonho compartilhado, preceptor de desejos e angustias; também um tanto de ternura no fazer dos perdidamente apaixonados, inda que a paixão seja a vida, o laboratório de ciências, a sala de estar, o violãozinho e as tantas idéias de uma conversa sem previsão de fim (se perguntar, nem se sabe o começo).
    Na hora de bater a porta, beijo de canto de boca. Esses dois não são de rosto impassível, nem de boca lasciva. São dois perdidos de afinidade e imaginação. "Risos".
    Bora tomar uma cachaça com limão e mel hoje. Pra curar minha tosse!
    Vitor

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  2. Me ensina a escrever assim?

    Que lindo, Maris.

    Carinho

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