amargo novembro de desvarios
desabo de sono
tenho andado pelas horas
com as mãos cheias de vício
em círculos
na procura fatigada do verso perdido
na desordem calada da minha cabeça
novembro de dias sem fim
comboio de tempos sobre tempos
sobre versos que não saem, sobre mim
tenho a boca suja de rancores
desferindo palavras
para dentro
no caminho estreito da garganta
tudo vacila, novembro, amargamente
é de traição a natureza das coisas
trai a sensatez
à míngua na minha cabeça
essas mãos viciadas, a boca muda
trai o atropelo demorado das horas
o aperto na garganta
covardemente, trai o sono
que me deita
a consciência.