quarta-feira, 9 de março de 2011

Sombras



"Porque sei que nada saberei
Do único poder fugaz e verdadeiro
Porque não posso beber
Lá, onde as árvores florescem e as fontes rumorejam,
Pois lá nada retorna à sua forma"
(T. S. Eliot, Quarta-feira de Cinzas)
Amanheci numa cidade morta
Baldia dos teus gracejos
Sem beijos, mãos, deserta
Depois de ver noutra manhã
O desacerto dos teus olhos
Fazendo dos meus
Um espelho baço da tua distância
Sigo em frente
Distante, como queres
E no silêncio de cada uma das ruas,
À sombra solitária dos arbustos,
É onde te posso encontrar
Secretamente meu
Repousado, quieto  
No avesso cinzento da saudade,
Nesta cidade de memórias,
Velha conhecida,
Nestas ruas de silêncio
Em que caminho 
Calmamente
Pela sombra.