Morena, os passos ligeiros, o pulso firme. Minha mãe era silêncio. Trazia nos olhos uma marca indelével de ternura, logo soube: atrás deles morava uma menina magrelinha, pequenina, distraída com as mãos sempre sujas de tinta. Aprendi sua voz. Observei. No seu tempo, sem que ninguém lhe pedisse, floria. Cantarolava pela casa. Pintava bichinhos pelos panos. Abria as janelas. Num sopro de paz e solidão, também não tardei a descobrir: minha mãe mora em mim.
Vinte passagens do livro de memórias Na orla do ocaso, de Ruy Espinheira
Filho
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“(...) Vários críticos já disseram que sou um ‘poeta da memória’. E, quando
alguém me falava disto, eu sempre perguntava: e qual não é? Porque, segundo
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Há uma semana

Lindo, Mari.
ResponderExcluirAhhhh, nossa infância! Sutil!
ResponderExcluirEu vejo sua mãe, chego a ouvir o seu cantarolar. A poesia traz para gente, leitor, os acontecimentos que já se foram, a vida que passou e se renova a cada momento. A imagem traz a cena, de novo.
ResponderExcluirParabéns.
Luiz Dias