Escuridão ao redor
Tempo ao revés
O amor
A resistir bravamente
E tudo o mais num vão
Vagueia o tato
A decifrar contornos na penumbra
Ilusão, sentido, matéria
Voragem desconcertante do nada
Um Eu fatigado, a questão
E tudo o mais se destroça
Resta um impulso:
Mergulhar em si
(No tempo roubado do tempo
Na pausa ritimada do pulso)
Afundar em contorção
Feito serpente pelo chão
A esfolar a pele morta
Num clarear da visão:
Um princípio, um fim e a passagem
(Exatamente no meio)
Um oceano revolto a chacoalhar um cais
Onde o infinito inteiro
Aporta.
AMOR E CRENÇA
ResponderExcluirSabes que é Deus? Esse infinito e santo
Ser que preside e rege os outros seres,
Que os encantos e a força dos poderes
Reúne tudo em si, num só encanto?
Esse mistério eterno e sacrossanto,
Essa sublime adoração do crente,
Esse manto de amor doce e clemente
Que lava as dores e que enxuga o pranto?
Ah! Se queres saber a sua grandeza
Estende o teu olhar à Natureza,
Fita a cúp’la do Céu santa e infinita!
Deus é o Templo do Bem. Na altura imensa,
O amor é a hóstia que bendiz a crença,
Ama, pois, crê em Deus e... sê bendita!
(Augusto dos Anjos)
Lindo poema, Mari! No revés do drama(ilusório), me veio esse soneto. #saudade
muito bonito isso, moça!
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